Você com certeza já deve ter pensado ou escutado que “é só jogar fora” aquele objeto velho, quebrado ou usado ou aquele alimento que não foi aproveitado e já excedeu sua validade. Isso ocorre porque vivemos em uma sociedade com uma mentalidade linear de consumo, que extrai, produz, consome e descarta o tempo inteiro.
Mas será que as coisas realmente têm um fim? Para onde vão após serem descartadas?
A realidade é que o “fora” segue sendo o nosso único planeta, a Terra. O lixo ou os resíduos sólidos que descartamos da nossa casa, do nosso trabalho, ou de qualquer outro local podem poluir o meio ambiente, o que faz com que os recursos fiquem mais escassos e consequentemente mais caros.
É por isso que as matérias devem ser descartadas corretamente em um aterro sanitário, um espaço destinado à deposição final de resíduos sólidos gerados pela atividade humana, que podem ser provenientes de residências, indústrias, hospitais, construções e etc. Assim, um aterro sanitário consiste em um local próprio para o depósito de camadas alternadas de resíduo e solo, que deve ser afastado de centros urbanos por questões de saúde pública.
Nesse artigo veremos como funciona um aterro sanitário, a diferença entre aterro sanitário e lixão, e também do aterro sanitário e aterro controlado. Além das vantagens e desvantagens do aterro sanitário.
Aterro sanitário: como funciona?
Sabia que, comparando com os países da América Latina, o Brasil é o campeão de geração de lixo, representando 40% do total gerado na região (541 mil toneladas/dia, segundo a ONU Meio Ambiente)?
O aterro sanitário é a obra de engenharia projetada para garantir a disposição correta desses resíduos sólidos urbanos que não puderam ser reciclados, garantindo um descarte correto e que não cause danos à saúde pública ou ao meio ambiente. Sendo considerada uma das técnicas mais eficientes e seguras de destinação de resíduos.
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Devido a decomposição dos resíduos, o aterro sanitário gera como subprodutos o chorume e o biogás que precisam ser tratados para não causar contaminação do meio ambiente. O biogás, feito de metano, é usado em alta escala para a geração de energia elétrica.
Por isso, é de suma importância que as obras de aterros sanitários sigam um projeto específico, para que possam ser consideradas seguras e ambientalmente corretas.
Estrutura do aterro sanitário
Um aterro sanitário adequado aos padrões de mecanismo de desenvolvimento limpo obedece ao seguinte processo:
- O solo é compactado para dar firmeza ao aterro que receberá uma camada de geomembrana, em sua base e taludes, impedindo o contato entre os detritos e o solo. Quando o aterro sanitário chega a sua capacidade máxima, é executada sua cobertura final também com a aplicação da geomembrana.
- Na base, as camadas de geotêxtil, brita e areia permitem a drenagem do chorume;
- O resíduo é depositado em camadas no aterro sanitário, podendo ser intercalado com camadas de solo.
- Os gases produzidos pela decomposição do lixo são captados e levados por dutos a uma usina geradora de energia;
- Na usina, os gases entram em combustão e movem geradores, que produzem energia elétrica. Não há emissão de metano e a de dióxido de carbono é pequena;
- O chorume (liquido proveniente da decomposição do resíduo) vai para tratamento. Separada a água, os resíduos sólidos voltam para o aterro sanitário.
É importante ressaltar que os aterros sanitários possuem uma quantidade determinada de resíduos que pode ser depositada. Após esse tempo, o aterro encerra suas atividades naquele local.
Subprodutos de aterros sanitários
O aterro sanitário gera como subprodutos o chorume e o biogás, devido a decomposição dos resíduos. Ambos podem ser altamente prejudiciais para o meio ambiente e por isso devem ser tratados deforma específica.
O chorume, um efluente líquido e escuro, rico em matéria orgânica e metais pesados, e o biogás liberam o gás metano (CH4), um dos principais causadores do efeito estufa, sendo mais prejudicial para o aquecimento global que o dióxido de carbono (CO2).
Mas o sistema dos aterros sanitários viabiliza a captação de chorume e dos gases liberados pela decomposição dos resíduos. Uma das alternativas tem a utilização do biogás como um combustível que pode ser aproveitado para geração de energia térmica, elétrica e como combustível veicular.
Aterro sanitário e lixão: qual a diferença?
Você com certeza já deve ter ouvido falar de lixões, porém você sabe qual a diferença de um aterro sanitário e o lixão?
Ao contrário dos aterros sanitários, que são as obras indicadas para o depósito de resíduos, os lixões são a forma inadequada de dispor os resíduos sólidos urbanos sobre o solo e, de acordo com a PNRS, os municípios devem extingui-los.
Isso se deve porque nesses locais, não há nenhuma impermeabilização, sistema de drenagem de lixiviados e gases e cobertura diária do resíduo, além de serem, muitas vezes, locais clandestinos. Assim, o resíduo depositado fica a céu aberto, causando impactos negativos à saúde pública e ao meio ambiente, sendo o local ideal para vetores de doenças.
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Por isso, foi criada a Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), em 2010, que é uma medida de proteção ambiental que impôs a necessidade de substituir os lixões a céu aberto por aterros sanitários até 2014. Infelizmente o cumprimento do prazo não foi possível, já que muitos municípios não conseguiram se adequar.
Ele foi prorrogado e as capitais e regiões metropolitanas tiveram até 2 de agosto de 2021 para acabar com os lixões; já as cidades com mais de 100 mil habitantes tiveram até agosto de 2022; as com população entre 50 mil e 100 mil habitantes têm até o final 2023; e os municípios com menos de 50 mil habitantes têm até 2024.
Aterro sanitário e aterro controlado: é a mesma coisa?
Um local só pode ser considerado um aterro sanitário se utilizar as geomembranas, que garantirão a proteção do solo e lençóis freáticos ao evitar a contaminação decorrente da infiltração do chorume.
Essa é a grande diferença entre um aterro sanitário e aterro controlado: o segundo não possui uma camada impermeabilizante e por isso não é eficiente no controle da poluição, sendo passível da contaminação do solo e dos lençóis freáticos. Além disso, aterro controlado não conta com sistema de captação de chorume e gases tóxicos.
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Apesar disso, o aterro controlado é mais vantajoso que um lixão. Porém, ainda que atenuem alguns impactos ambientais, eles não são a forma ideal de disposição final do lixo.
Dessa forma, o aterro sanitário, de acordo com a PNRS, é a conclusão ideal, o aterro controlado é intermediário e o lixão é a pior opção possível, tanto para o meio ambiente quanto para os seres humanos.
Aterro sanitário: vantagens e desvantagens
Assim como toda obra, o aterro sanitário também possui vantagens e desvantagens.
Entre as vantagens, pode-se dizer que o aterro sanitário é o modelo com menor impacto ambiental e maior controle dos resíduos. Pois, garante a redução da liberação de metano na atmosfera, já que são convertidos em fontes de energias renováveis e na geração de energia com motores a gás.
Já como desvantagem tem-se o fato de que a construção exige grandes extensões de terras, há um limite de quantidade de camadas de resíduos e é alto o custo na implantação e na manutenção.